quinta-feira, 15 de maio de 2014

The Box

Era um lugar alto, frio, escuro e barulhento.
Não me lembro de como cheguei até ali, só sei que estava parada, segurando um microfone na mão e esperando alguma coisa que eu não fazia ideia do que era.
De repente, havia uma cortina dessas de teatro, abrindo bem na minha frente. E eu realmente estava num teatro. Lotado! Absurdamente lotado!
As pessoas gritavam, enlouquecidas, e eu sem entender absolutamente nada.
Não fazia ideia do que estava acontecendo. Era desesperador! A banda atrás de mim começou a tocar uma melodia linda, super animada, meio folk e eu ali, estática, sem saber o que fazer. (Acho que se eu estivesse na plateia e fosse fã de uma banda com uma vocalista morta assim, bem no começo do show, ficaria extremamente desapontada).
A banda estava lá tocando, a galera estava lá gritando, e eu estava ali, paradona.
Do nada, dou um grito e saio correndo de um lado pro outro do palco. Continuava sem entender nada. Meu corpo estava descontrolado. Não era eu quem estava fazendo aquilo e a impressão que eu tinha é que meu cérebro estava no corpo de outra pessoa que não era eu - mas era eu sim, porque eu era fisicamente igual.
Eis que, num determinado momento, começo a cantar uma canção que nunca tinha ouvido na vida.
A galera foi ao delírio! Pelo visto era uma música famosa e o povo curtia, porque geral estava muito louca pulando e se descabelando.
Minha voz saída com muita naturalidade, sem esforço algum, mesmo. Eu só não sabia de onde ela estava vindo, já que nunca havia cantado nada a vida toda.
Não sei quanto tempo ficamos em cima daquele palco. E tempo é algo relativo também né?
Só sei que, de repente, eu me despedi da plateia, abracei a banda que estava comigo e juntos, saímos todos do palco. Voltamos pro ligar frio, escuro e barulhento. Fiquei lá, parada, segurando um microfone na mão.



quarta-feira, 9 de abril de 2014

Spend a Lifetime

Fazia três anos que o Jamiroquai não voltava ao Brasil.
Quando recebi a notícia de que eles confirmaram três datas de show no Brasil, quase tive um ataque cardíaco.
Coloquei na cabeça que dessa vez eu conheceria o Jay Kay.
Nada me impediria de mostrar minha tattoo pra ele e de tirar pelo menos uma foto, pra guardar e mostrar pros meus filhos no futuro.
Pois a banda chegou ao Brasil para os shows e eu, obviamente, fui a todos eles.
Eis que no último, por alguma razão obscura, só algumas pessoas apareceram. O show foi quase que exclusivo - acho que tinha umas 100 pessoas só. E era num teatro mega apertado.
Ao final do show, Jay Kay avisou que receberia alguns fãs para fotos e autógrafos. Meu coração parou por alguns segundos e voltou a bater na minha garganta. Estava eufórica, louca, descontrolada.
Eu era a última da fila e não conseguia me conformar com isso. Cheguei ao show com 5 horas de antecedência e era a última da fila para receber um autógrafo do cara que tatuei no corpo. Não fazia o menor sentido. Mas enfim, lá estava eu, esperando.
Quando chegou minha vez, Jay Kay já tava de saco cheio, obviamente, e eu morrendo de medo de pedir uma foto e um autógrafo no meu disco preferido e ele mandar eu me foder.
Mas eis que ele foi a pessoa mais fofa e querida do século comigo. Pegou meu celular e fez várias 'selfies', usou meu próprio celular pra postar as fotos no instagram dele e ainda autografou meu disco com todo amor e carinho. Naquele momento, morri por uns 5 minutos.
Alguns meses se passaram e lá estava eu casando (olha lá o casamento aparecendo de novo no meu sonho!). Acho que a maioria das pessoas que eu conheço sabe que a música da minha entrada será uma música do Jamiroquai. Pois bem, lá estava eu prontinha pra entrar quando, de repente, escuto a voz do Jay Kay cantando a música. Ele estava lá, em carne e osso, cantando no meu casamento!!! Não conseguia andar. Fiquei paralisada e só pensava: como é que ele chegou aqui? O que é que ele esta fazendo aqui?
Meu noivo, que estava lá no altar, me mandou um whatsapp: "meu presente pra você, depois te explico, agora entra logo que tô passando vergonha".


quinta-feira, 3 de abril de 2014

Primeira vez

Era uma cidadezinha pequena do interior de São Paulo e os termômetros marcavam 30ºC antes das dez da manhã.
A igrejinha estava lotada de pessoas que eu não conhecia e meu noivo usava um terno cinza com um colete roxo de cetim. A gravata combinando.
Eu estava parada na quadra de cima, só observando. Minha visão era perfeita e eu conseguia ver tudo nitidamente. Estava sentada numa dessas cadeiras de plástico e, a minha frente, uma amiga minha - que não conheço na realidade, mas que no sonho era bem minha amiga -  fazia minha maquiagem, em tons de amarelo, roxo e verde.
O casamento começaria às 11h e eu estava super atrasada, mas não disse uma palavra para que ela fosse mais rápida. Só mentalizava que meu esmalte, vermelho, secasse rápido.
De repente, eu estava na porta da igreja, segurando um buquê de flores do campo, ouvindo John Mayer tocando para eu entrar.

E essa foi a primeira vez que sonhei com meu casamento!
:)

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Árvore de lágrimas

A imagem não é de um campo de centeio, mas é a única
que tenho e que me lembra o clima do sonho. Me dêem
um desconto, please. Crédito: Fabiana Baioni
Lá estava eu no meio de um campo de centeio. Era tão, mas tão lindo, que não queria nunca mais sair dali.
O sol não ardia e o dourado da plantação me enchia de alegria.
Segui caminhando lentamente, sem rumo, a mente vazia e o coração cheio.
Senti algumas gotas d´água molharem meu rosto e rolou uma leve confusão, afinal, o sol brilha forte e não havia nada em volta, nem nuvens, nem rios, nem nada.
Quando olhei pra frente avistei uma imensa árvore tomando conta da paisagem, como numa miragem dessas de filme.
Ela não estava ali no segundo anterior, posso garantir!
Corri em direção a ela e me sentei sob suas folhas vastas e frondosas. 
Chovia ali debaixo. Só debaixo dela e chovia muito mesmo! E de repente, a árvore falou comigo.
Tinha certeza que nesse momento já estava ficando louca, sei lá. Mas não, a árvore realmente falava comigo. Me disse, com uma voz melancólica que estava feliz em me ver por ali, pois se sentia sempre muito sozinha uma vez que nunca ninguém havia sentado sob suas folhas antes.
"As pessoas não gostam de se molhar, sabe? É como se doesse nelas. Mas dói mesmo é em mim".
A árvore era linda, não dá nem pra descrever. Falei isso pra ela, que ela era linda, e a chuva aumentou consideravelmente. 
Perguntei a ela porque ela chovia e ela me respondeu, meio que sorrindo, meio que não: "não é chuva não. é tudo lágrima. Eu choro o choro do mundo".



terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Madonna

Acordei com a garganta queimando. Não incomodava, era só estranho mesmo.
Madonna, é você?
Depois de escovar os dentes e derreter a escova de dentes resolvi me olhar no espelho e não notei nada de diferente em, apenas a vontade de não ir ao trabalho e ir pra outro lugar.
Saí andando meio sem rumo e, do nada, estava numa paisagem ultra seca, parecendo um deserto, velho oeste, sei lá.
Quando dei por mim estava ao lado de várias outras pessoas estranhas, parecidas com plantas. Todas elas tinham super-poderes e me pareciam bastante ansiosas, como se já soubessem o que estava acontecendo. Eu era a mais perdida.
Quando olhei pra frente, lá pro horizonte tremelicante, vi vários zumbis aparecerem. Eu queria correr e não conseguia; me sentia plantada no chão. Meus pés não se moviam, independente da força com que eu os puxasse. Senti uma vontade incontrolável de gritar e, ao abrir a boca, cuspi uma bola de fogo. Fiquei sem entender nada, como já era de se esperar, mas quantos mais zumbis apareciam, mais bolas de fogo eu cuspia.
Eis que, no meio daqueles zumbis, apareceu a Madonna (!). Ela era um zumbi cowboy e era a líder de todos eles. Vinha andando em minha direção, muito lentamente e eu cuspindo fogo como se não houvesse amanhã, meio com medo de morrer, meio com medo de matar (era a Madonna, pô!).
Obviamente o final ficou um tanto quanto obscuro, não sei direito o que aconteceu. Só sei que ando jogando muito Plant vs Zombie 2 e que a aparição da Madonna no Grammy perturbou um pouco a minha mente.
Mas só um pouquinho, bem de leve, quase nada.


quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Espelho da verdade

Não tenho sonhado muito nas últimas semanas, o que pra mim é bastante entranho considerando que já estou acostumada a sonhar todos os dias. Me faz falta acordar e não lembrar de nada que aconteceu dentro da minha cabeça durante a noite.
Porém, depois de oito dias sem sonhar, essa noite tive um dos sonhos mais lindos que me lembro.
Eu estava deitada no chão, conseguia sentir as pedras geladas nas minhas costas.
Quando abri os olhos vi um lindo teto de vidro sobre mim.
Havia um buraco bem no meio dele e, pela quantidade de cacos de vidro a minha volta, presumi que minha entrada havia sido por ali.
Não sentia dor ou coisa alguma, apenas uma vontade de levantar dali e entender onde eu estava.
Caminhei lentamente por um salão enorme, todo azul. Fazia frio e o tom das paredes deixa tudo ainda mais gelado mas a sensação era muito confortável.
Quando cheguei ao outro lado do salão encontrei uma espécie de "sala do trono". Ali, sentada em uma imensa e prateada cadeira estava a mulher mais linda que já vi na vida. Ela tinha longos cabelos trançados muito muito pretos, olhos amendoados também pretos e sua pele era negra e brilhante. Fiquei até meio humilhada diante dela, com vergonha de mim mesma, e ela retribuiu minha vergonha com um sorriso.
Não trocamos muitas palavras mas ela me entregou um espelho de mão e pediu para que eu ficasse de costas pra ela e olhasse o espelho. Me disse também que no momento em que eu me visse no espelho, veria também meu futuro.
Fiz exatamente o que ela me pediu (morrendo de medo, lógico) e o que eu vi era indescritível. Várias imagens lindas de paisagens, muitos sorrisos, amor, brisa, flores, água cristalina, arco-íris, tudo isso se misturava numa grande mancha, como daquelas multicoloridas que se formam em poças de óleo.
Fiquei absurdamente encantada com tudo aquilo e chorei muito. Ao me virar pra ela para perguntar o que aquilo tudo significava ela muito carinhosamente me disse: "essa é a paz que você tanto procura".
Depois disso não me lembro de mais nada.


terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Dogwood

Pixel divando
Pixel, meu cãozinho de quase dois anos, está famoso.
Seu talento foi descoberto de alguma forma obscura (acho que pelo Instagram, não me lembro bem) e agora é um astro de Hollywood.
Como ele não é nada modesto, seu primeiro papel já é de protagonista e seu personagem é super profundo, denso, complexo.
O filme, que é classificado pelo diretor como um "drama", conta a história de um lindo cãozinho que se apaixona perdidamente mas que esconde um grande segredo: é castrado e, por isso, não poderá construir a família que sua namorada tanto sonha.
O clima no set é super descontraído: todos enchendo o Pixel de amor, carinho, cenoura e biscoitos de tomate seco - que foi uma exigência dele, vejam bem.
Ao final da gravação ele foi aplaudido, acarinhado, apertado, esmagado e, de quebra, ainda ganhou uma cadeira dessas "estilo diretor" (com seu nome escrito) e uma bolinha que toca uma música insuportável. 
Pena que acordei antes de saber se realmente depositaram 100% do cachê dele.